Richard,
diante da opressão do seu próprio coração que desejava possuir o
que os outros tinham, se põe a trabalhar para realizar seus sonhos.
Afinal, não se pode ficar esperando que os sonhos se realizem num
passe de mágica, é preciso trabalhar para alcançar os objetivos.
Eis
que chega mais um dia de aula. Richard está pensativo. Ele pensa
numa forma de ganhar dinheiro. Como é jovem teme não conseguir
muitas oportunidades de trabalho. E assim ele passou toda a sua
manhã: vendo uma explicação, que pra ele era chata, e sonhando com
seu celular novo.
Acaba
a aula. Richard sai pensativo. Eis que o destino lhe faz esbarrar com
um antigo amigo que há tempos não via.
R
–E
aê,
Paulo, quanto tempo!
P
– Pois é, sumido, estou aí na correria. E você?
R
– Estou concluindo a escola. Aliás, estou à procura de alguma
coisa para fazer. Preciso de um trabalho. Sabe de algo?
P
-Poxa, brother,
sei não. Bom, posso te dar uma ideia de você trabalhar para você
mesmo.
R
– Oxe, como assim?
P
– Como eu faço. Eu trabalho pra mim. Sou autônomo. Por que você
não pega alguma coisa pra revender na rua? Dá dinheiro. Se souber
trabalhar dá pra ganhar muita grana. Tá vendo aquele carro ali?
Comprei só vendendo coisas na rua.
R
– Vixe, boto
fé!
Mas não levo jeito pra isso não.
P
– Claro que leva. É só ter lábia. Eu te conheço, sei que é
extrovertido, sabe conversar... Você se dará muito bem nesse ramo.
R
– Será? - Perguntou Richard pensativo, se imaginando comprando seu
carro, assim como Paulo, seu amigo que a tempo não via, mas que lhe
trouxe uma luz.
Richard
aceita a proposta do amigo e passa a vender doces na rua. Agora ele é
um empreendedor. E como foi um bom aluno, sabe calcular sua margem de
lucro e ao ver o preço que pegava os produtos com o preço de venda,
calculou e viu que de fato dava pra fazer a vida. Claro, sabia da
dificuldade, mas sabia que dos doces poderia juntar grana e investir
em outros produtos mais lucrativos. Sua ambição estava o movendo.
E
eis que Richard, após a vergonha inicial, se solta e começa a
vender dentro de um ônibus:
-Atenção,
atenção pessoal... Aqui é “vida
loka”
e quero dizer que tô
com
bala até os dentes. Olha a bala! - Alguns passageiros se assustam –
e ele fala: - Olha a bala de menta, eucalipto... Alguns passageiros
reclamam, mas diante do bom humor de Richard logo compram seus
produtos.
Vendendo
balas em ônibus, e outros produtos de porta em porta – pegou
rápido o espírito empreendedor – logo conseguiu comprar o que
queria: seu celular.
Em
casa Richard exultava de alegria mexendo no celular, usando os
aplicativos que todos usavam e comentavam. Agora Richard era feliz,
ele tinha as coisas que seu coração almejava: dinheiro e o celular.
Ele era o jovem mais ultra-
mega- power
da face da terra: já estava passado de ano na escola, era
“independente” financeiramente com seu trabalho, tinha celular
top... Ele era o cara.
Richard,
o homem que tinha coisas, agora tem Whatsapp, e adiciona a bela
garota dos seus sonhos, aquela que encanta todos os rapazes da
escola. Richard joga conversa fora com ela. Richard se vê apaixonado
por ela. E ele se enche de confiança, afinal, agora tem dinheiro de
seu trabalho, celular...
Com
toda fé em suas potencialidades ele chama a garota pra sair. Ela
recusa seu pedido, lhe demonstrando total desinteresse nele. Richard
fica arrasado. Mas ficar arrasado nem sempre faz com que a pessoa
deixe de estar apaixonado. E a garota de seus sonhos, continua
perturbando sua mente.
Em
casa aquele garoto, contente com seu celular, demonstra irritação.
Mexe no celular, dá umas risadas, mas logo demonstra irritação
total. A paixão pela tecnologia passou... Parece que o celular novo,
os aplicativos, a internet móvel, nada disso está preenchendo seu
coração. E Richard se pergunta:
-
Eu queria tanto dinheiro e esse celular. Agora tenho. Por que não
sou feliz? O que é preciso fazer para ser feliz?
E
em meio a este questionamento, ele se lembra da garota de seus
sonhos. Logo conclui que precisa dela para ser feliz. Richard não se
imagina vivendo sem ela. Então tenta mais um diálogo; e a garota
fala “- no momento eu não estou pensando em namoro, sabe? Quero me
dedicar aos estudos...” - Disse a garota que não estuda e mata
aula.
-Poxa,
ela não quer ninguém.
Certo
dia, Richard saindo da escola e se preparando para seu turno de
trabalho, observa a garota que ele julga ser o amor de sua vida
entrando num carro rebaixado, dirigido por um “playboy”.
Após ver suas demonstrações de afeto, Richard percebe que se trata
de um namorado ou algo do tipo. E o pobre do Richard, rancoroso e com
o coração pesado pensa consigo mesmo:
-Mas
ela não disse que não queria ninguém? Agora entendi, para ter
garotas como ela precisa ter carro e mais dinheiro. Se ele tem, eu
também tenho.
Naquele
dia meio atribulado, não conseguiu vender muito. Sua mente
pertubava-lhe com aquela cena que viu.
No
outro dia, sabe-se lá o porquê, Richard recebe um pequeno bilhete
que dizia assim:
“Richard,
está acabando a escola. Talvez nunca mais nos veremos. Por isso
gostaria de dizer que gosto muito de você, te admiro. Você começou
a trabalhar para conquistar suas coisas, não se acomodou. Você
sempre presente com sua família, sua mãe que é tão trabalhadora.
Enfim, continue sempre assim. Nunca se corrompa. Que Deus te abençoe
sempre. Espero que a gente continue se vendo após a escola...” e
vendo os coraçõezinhos desenhados, Richard viu aí talvez alguma
pretendente. Perguntando quem foi que escreveu, descobriu que foi a
Chiara. Mas logo pensou:
-A
Chiara? Credo, menina sem graça. Ela não é a garota dos meus
sonhos...
Richard,
o homem que tinha coisas, tinha um celular e dinheiro pra sobreviver,
agora quer um carro e status pra aparecer e ter uma namorada. Ele tem
até uma pretendente, mas por ele a rejeita.
Richard,
o homem que tem coisas e mais coisas quer ter. Ele quer ser feliz,
será que conseguirá? Onde ele chegará? A felicidade, Richard
poderá comprar?
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