quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Sermão da vida | O homem que tinha coisas #8


Da pomposa vida, à ruína total. Eis como encontra-se Richard nesse momento. A chaga viva vai perambulando pela noite. Richard anda com uma camisa rasgada, suja, uma calça jeans com fiapos, uma sandália, e porta um cachimbo artesanal feito de latinha. Estava a iniciar sua vida, ou sua morte, no uso do crack. É bem verdade que desde a época pomposa já era viciado no álcool, cocaína, por exemplo. Mas perdeu o controle de tudo. Ele perdeu tudo.

Ele anda pela rua, seu odor repele as pessoas. Ele que outrora causava admiração, hoje causa medo. Todos acham que é um assaltante. Todos tratam-lhe como um lixo. Ele é agora mais um entre milhões, escondidos, esquecidos, rejeitados. Mais um que tem uma história. Mas Richard, neste caso, tem uma história. Todos tem. Mas a história de Richard é que ele quis ter coisas.

Ele começa a andar pela cidade, dá voltas sem direção, e eis que surge uma figura espantosa para Richard. Seus olhos que costumavam ficar vermelhos por causa do uso da droga, enchem-se de lágrimas. O que terá causado tanto espanto a Richard? Minha nossa! Richard está diante de seu passado. Há cerca de 25 metros de Richard encontra-se Chiara, a garota da escola que manifestara afeto por ele e deu-lhe conselhos. Estava Chiara bem-vestida, com quatro crianças ao seu redor, uma menina de 6, e três meninos de 5, 3 e 2 anos respectivamente; e com a mão dada a um homem boma pinta, bem-vestido. Ambos davam um belo sorriso, mostrando sua felicidade. Ele que outrora questionava sobre a felicidade, vê agora uma família com a felicidade estampada. A Chiara, menina sem graça para ele, agora mostra toda a graça de um casamento. Ele percebe que não são ricos, pois o local – esqueci-me de contar – era uma parada de ônibus. Parece lhe vim um clarão na alma. O que fiz da vida? – questiona-se Richard. Eu tive tudo, ela nada, mas agora vejo, no entanto, que não tenho nada, e ela tem tudo.

Richard, parado, correndo lágrimas nos olhos, um sentimento no coração, uma mistura de libertação com remorso se apoderava dele. Inevitável foi o cruzamento de olhares. Richard e Chiara cruzaram os olhares. Chiara olha, assusta-se, abraça o marido, que também olha para Richard com olhar desconfiado. Ela coloca a mão na boca, espantada. Corre-lhe uma lágrima. Parece não acreditar que aquele é o seu amigo de infância.

-Richard!? - exclamou Chiara.

Mas Richard sai correndo, chorando, tropicando. Cai no chão, rala-se. Levanta. Corre. Esconde-se num beco. E está ali novamente: ele, seu cachimbo, sua droga, e seu passado. E o futuro? Richard só pensa no passado.

Olha adiante, vê uma Igreja. Nossa Senhora das Misericórdias, chama-se a Igreja. Richard olha aquela imagem da Pietá, chora, e questiona-se: haverá misericórdia para um verme como eu?

***

Passado algum tempo, Richard estava morto. Acabou-se. É encontrado morto. “Mais um morador de rua morre. Tirem-no daqui!” - gritou o dono de uma loja que ficava próximo ao beco.

Chiara o reconhece. Chora. Mas, como amiga, cuida dos preparativos do sepultamento do amigo de escola.

Ao procurar o Padre, qual surpresa. O Padre, Antonio, conhecia tanto Chiara, como Richard. Tinham estudado juntos. Ficou boquiaberto. Decidiu fazer mais que o velório. Richard queria coisas, mas ganhou algo que, não compreendeu antes, mas agora terá, uma Santa Missa por ele. Ele teria uma Missa de corpo presente.

Tudo arrumado: corpo devidamente arrumado, no caixão. Colocado na Igreja. O padre se paramenta. A Igreja, por se tratar de domingo, estava lotada. Sim, é estranho uma Missa de corpo presente no domingo no horário comum dos fiéis, mas o sacerdote assim quis. Paramentado, coroinhas prontos. Segue o rito. Pede-se perdão dos pecados... Uma velhinha olha pro caixão e berra. Uma criança corre, esbarra no caixão... e o falatório com o caso. Outro vai ver o morto e grita traumatizado. Mas em meio ao desconforto, Padre Antonio vai proclamar o Evangelho.

Padre: Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus
Povo: Glória a Vós, Senhor!
Padre: Naquele tempo Jesus disse aos seus discípulos: “Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e a traças corroem, onde os ladrões furtam e roubam. Ajuntai para vós tesouros no céu, onde não os consomem nem as traças nem a ferrugem, e os ladrões não furtam nem roubam. Porque onde está o teu tesouro, lá também está o teu coração. O olho é a luz do corpo. Se teu olho é são, todo o teu corpo será iluminado. Se teu olho estiver em mau estado, todo o teu corpo estará nas trevas. Se a luz que está em ti são trevas, quão espessas deverão ser as trevas!”. Palavra da Salvação!
Povo: Glória a Vós Senhor!

Padre Antonio pega aquele microfone, dá alguns passos. Tem a face resplandecente. Alguma coisa diz que não será um sermão qualquer. Parece estar tomado de uma força maior. Reza uma Ave Maria. Abre, então, a boca e parece um Leão. Parece a voz de Deus a bradar ao povo. Eis o sermão trovejante de Padre Antonio naquela Missa de corpo presente:

Amados filhos e filhas da Santa Igreja Católica, graça e paz! Quero hoje falar-vos a verdade para a vossa salvação. Em outro trecho do Evangelho, que não este que lemos hoje, Jesus vai falar: do que adianta o homem conquistar o mundo inteiro se vier a perder a sua alma? Oh, sim, amados filhos! De que adianta? O que temos aqui hoje na Igreja? Um velório? Um corpo? Mas e a alma? Onde estará a alma deste infeliz? Conheço-o. Estudamos juntos. E diante da sua vida, pergunto, ó Deus, onde estará a alma deste homem? Conquistou tantas coisas na vida. Em vida mesmo perdeu todas. Mas terá perdido também sua alma? Ó, vós que me escutais, quanto tempo tens vós para vos converterdes? Este infeliz não sabia o dia nem a hora. Não sabemos se se arrependeu ou não. Mas e vós, que vindes a Missa como mero preceito, que queres viver nos prazeres, nas orgias, na conquista de bens, colocando a felicidade nas coisas – como fizera hoje que está no caixão -, e vós, não vos arrependereis de vossa má conduta? Até quando ides brincar com a vossa salvação? Hoje está Richard, amanhã estará você! Você tem garantias de que não? Entrega-te a Deus hoje. Não deixe para amanhã. Quando foi a última vez que você se confessou? Jesus disse aos Apóstolos: Aqueles a quem perdoardes os pecados eles lhe serão perdoados; aqueles a quem retiverdes, lhe serão retidos. Estou todos os dias aqui para atender confissões. Mas vós não vindes. Vós ides pro mundo, pras baladas. Vinde, as vezes, procurar apoios políticos, honras, alguma coisa. Mas e a vossa mudança de vida? Quereis o mesmo fim de Richard?

Ah, Richard. Meu amigo de escola. O que fizestes da vida? Por que não aproveitastes o tempo que Deus vos deu para mudar?

Sabe, meus filhos, eu iria fazer uma homilia comum dos velórios. Apesar de tudo, diria eu, foi uma boa pessoa. Mas, um fogo tomou conta de mim. Sabendo da vida de Richard, devo ser sacerdote e conduzir vós, filhos que Deus me confiou, ao bom caminhos. Ao ver o Evangelho de hoje, não poderia deixar de falar o que se deve falar. É providencial. É a vida de Richard aqui.

Nós vivíamos numa região pobre. Sim, é verdade. Mas tínhamos oportunidades a escolher. Richard, no entanto, embora tenha procurado ser honesto no início, passou a ser ambicioso. Trabalhava vendendo doces, depois cresceu o olho. Ele queria ajuntar tesouros aqui. Tudo começou com a praga de um celular. Depois desejava tudo: carros, mansões, mulheres... Ah, Richard entrou numa devassidão de vida. Aproveito que tem um caixão aqui presente, com o corpo de Richard, e lembro-vos do episódio da vida de Santo Antonio de Pádua. Certa vez chamaram o santo para o velório de um rapaz que havia falecido. Santo Antonio, em vez de falar coisas bonitas para a família, começou a pregar a conversão e, para espanto de todos, disse que o jovem havia se condenado. Ante o espanto, o santo disse para irem até o baú de tesouros do jovem e veriam a prova. De fato, foram até o baú de tesouros daquele jovem e, para espanto de todos, junto aos tesouros, estava o coração daquele jovem. Deus assim o permitiu para provar a veracidade das palavras do Evangelho: onde está o teu tesouro, aí está o teu coração. E o coração de Richard estava no dinheiro, nas bebidas, drogas, nas mulheres. Mulheres... e a mulher que cuidou dele, sua mãe. Onde está? Mãe de Richard, estás aí? Não, não está. Ela já faleceu. Eu era diácono quando aconteceu e acompanhei o velório. E Richard? Nem passou por perto. Não apareceu para um último adeus a mãe. Já vivia nas mansões, rico, torrando o dinheiro do super empresário que praticamente lhe adotara. Mas àquela que sofreu dores de parto e, dores de vida, para criá-lo com os irmãos, esta alimentou-se do desprezo de seu filho. Na doença, não visitou. Na morte, não estava junto. No velório, nem apareceu. Fazia anos que ele não mandava ajuda alguma para a mãe e a família. Ele nas mansões, a mãe nas “solidões”.

Passou a viver com as prostitutas. São Paulo fala, meus filhos, Não sabeis que vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, então, os membros de Cristo e os farei membros de uma prostituta? De modo algum! No entanto, Richard fez. Que infelicidade. Ali estava o coração de Richard: no dinheiro que quanto mais tinha mais queria ter, não se saciava. Tinha carro, mas queria mais. Pois seu coração no amor impuro das paixões mundanas. As mulheres eram a sua felicidade. E quantas e quantas vezes Richard uniu-se as prostitutas. Isso quando não fez pior. Estava tão cego buscando ter coisas nessa terra, que chegou ao ponto de fazer das pessoas coisas. Quantas moças ingênuas ele não enganou? Uma mulher não era, para ele, uma filha de Deus, que merece ser amada, respeitada, honrada. Uma mulher é tão sagrada que chega-se ao ponto de o homem ter ato quase que de culto – de dulia. Tamanha reverência deve-se ter. Tamanho temor de Deus. Pois a mulher é o santuário da vida. Mas Richard? Fez dessas mulheres seus objetos sexuais. Seus intrumentos de prazer. As mulheres para ele tornaram-se chilets que após mascados foram para a lixeira. Richard cometeu o horrível ato de ter abortado o próprio filho. Que infelicidade! Após fazer das mulheres seus objetos, seu próprio filho tornou-se uma coisa descartável. A mãe dessa criança morreu após depressão. E Richard? Se achando o tal. O rei das coisas. Ele foi um homem casado. Bem casado. Pelo menos, apesar de também ter usado sua mulher, enganado-a, feito dela uma coisa. Sim, era tudo ilusão, era de fachada. Mas ela era uma mulher virtuosa. Suportava tudo. É a viúva que chora lá atrás... (todos olham espantados, cochicham). Mas Richard fez suas escolhas. Sua felicidade não estava nos valores do Evangelho. Não era Cristo. Seu coração não estava em Jesus, mas no mundo e no que ele pode oferecer. Mas o diabo é assim, dá com uma mãe e, rapidamente, tira com a outra. Prometeu-lhe a felicidade, mas, em troca, só lhe veio amargura. São João da Cruz dizia que por prazeres temporários sofrem-se tormentos eternos. Foi temporário o prazer de Richard, e agora, será que está na glória ou nos tormentos? Richard teve seus prazeres, mas evaporaram. Já em vida pode experimentar a agonia do inferno. Pois só em Jesus Cristo temos a felicidade perfeita. Quantos de vós, aqueles que já encontraram Jesus, sabem que mesmo sendo pobres, em condições complicadas, muitas vezes sem fartura à mesa, mas tendo Jesus, vós sabeis que tendes forças para suportar a labuta do dia a dia, que tem ânimo, tem felicidade, pois sabem que nós não nascemos pra essa vida, a nossa pátria é o Céu. É lá onde vamos morar pelos séculos dos séculos. Amém? Amém Igreja? (todos dizem amém).

Mas vós podeis dizer: mas Deus podia ter enviado sinais. Ora, e não os enviou? Quantas vezes Deus se manifestara na vida dele como um mendigo dando-lhe respostas? Mas ele sempre quis alimentar os apetites da carne, e não os do espírito. Até na forma de uma criança de olhos azuis Deus manifestara-se na vida de Richard, mas ele não quis a Deus, quis a morte. Se ele se condenou, não foi por falta de esforço de Deus. Mas foi por sua própria recusa. Sempre que ele dava um passo a mais na vida de escravidão do pecado, Deus dava-lhe um sinal. Mas ele preferiu a felicidade passageira. Porque o seu coração estava no tesouro passageiro da terra. Não podeis servir a dois senhores. Ou sois de Cristo, ou do mundo. Escolhe, pois, hoje, a Cristo e sereis salvos.

Morreu, na miséria do pecado. Mas, Jesus diz para Santa Faustina, a Apóstola da Misericórdia, que até o último segundo da vida Ele estará tentando entrar no coração da pessoa para salvá-la. Nós não sabemos como morreu ele: estava em estado de graça? Arrependeu-se? Salvou-se ou condenou-se? Eu não sei. Mas olhai todos para este caixão: vede o fim do homem! Pra que buscar coisas? Sei que muitos de vós que me escutais hoje também são homens e mulheres que tem e que buscam coisas, que fazem as pessoas de coisas, objetos descartáveis, fontes de prazer. Olhe para este caixão: eis o fim do homem. Do pó viestes, para o pó voltarás! O que ele está levando? Nada. Para que seu orgulho? Pra que todo seu dinheiro? Pra que tantas roupas luxuosas? Pra que tantos sapatos? Pra que tantos carros? Pra que tantas casas? Pra que tanta coisa inútil, se não tens o essencial: Jesus Cristo. Você vai morrer e, se não perder tudo antes, como Richard, o que levará? Levará apenas a alma manchada pelo teu egoísmo, que não quis partilhar dos dons que Deus te deu. Tens muito dinheiro? Ora, não ajudavas nenhum pobre, porquê? Tens casas e casas? Nunca acolhestes um peregrino? Tens tudo, que Deus permitiu que tivesse, mas usa apenas para o bel prazer. EGOÍSTA! Vai levar o que? Aqui acabou o orgulho, a vaidade, a soberba do homem que tinha coisas. Não numa ferrari, mas num caixão de madeira. Como acabará a tua? Da mesma maneira. Jesus está hoje convidando-te para confessar os pecados. Busque um padre e confesse toda a tua vida podre. Deus pode e quer te perdoar. Ele disse para Santa Faustina que Sua Misericórdia é o Seu maior atributo e que, acredite, nossos pecados todos juntos comparados à Sua Misericórdia, é menor que uma gota compara com o mar. Tende confiança. Confesse tudo. Confesse teus pecados, das vezes que usou as pessoas, das vezes que teve relação sexual antes do casamento, os adultérios, a embriaguês, os roubos, corrupções, tudo. Deus perdoa tudo. Basta que quereis. Não, não deixeis pra depois. Talvez Richard tenha deixado pra depois, e eis que o que veio depois foi a morte. O tempo da graça, no entanto, é agora. Agora é a hora de mudar de vida. Se deres hoje um passo em direção a Deus, Ele dará sete em tua direção. Ou antes, pulará ao vosso pescoço, vos dará um beijo no rosto, e dirá: quanto eu esperei por ti, meu filho! Minha filha! Eu ansiava pela tua volta. Que bom que voltou. Nâo, não me fales do tempo em que eras homem ou mulher de coisas, vamos reescrever uma nova história de amor... Eis o que Deus vos fala hoje. Eis o que Deus também me fala.

Mas, antes de encerrar essa homilia e dar continuidade no Santo Sacrifício da Missa, onde consagrarei o Corpo e o Sangue do Senhor Jesus Cristo. Recordo-me agora de São Jerônimo que pregava o Evangelho numa região e uma mulher o importunava. Eis que ele declara para a mulher que ela morreria por ter zombado do Evangelho. Passado alguns dias ele vê uma movimentação numa casa, vai ver e, de fato, era aquela mesma mulher, por nome Catarina, que havia zombado do Evangelho, e agora estava morta. São Jerônimo, tomado pelo Espírito de Deus, disse: Catarina, onde está a tua alma!? Catarina, onde está a tua alma? Nada aconteceu. Porém, o santo tomado de poder de Deus, disse: Catarina, em nome de Jesus Cristo, responda-me! Onde está a tua alma? Imediatamente a jovem levantou-se, e, para espanto de todos, disse: minha alma está no inferno por ter zombado do Evangelho. Por isso, meus filhos, não zombem do Evangelho, mas procurem emendar de vida hoje. Parem de usar drogas. Parem de se prostituir. Deixem-se ser tocados pela Misericórdia de Deus que perdoa a todos.

Mas, sinto o mesmo fogo que queimou São Jerônimo. Não sabemos o estado que Richard morreu. Mas para confirmar essa pregação, se foi humana ou inspirada por Deus. Responda-me... (o Padre Antonio desce os degraus do presbitério, aproxima-se do caixão) Responda-me, Richard, responda-me, onde está a tua alma? Richard, onde está a tua alma? Richard, em nome de Jesus Cristo, pela intercessão de Maria Santíssima, onde está a tua alma?

AAAAAAAAH MISERICÓRDIA, SENHOR! - brada Richard. Levanta-se! Fica sentado. Não, não em um caixão, mas na cama de um hospital. O efeito da droga foi forte, Richard alucinou, teve overdose. Mas foi socorrido e levado para o hospital à tempo de salvar sua vida. Mas ao lado de Richard está Chiara; Mônica, sua esposa, junto com seus filhos.

R-Chi.. Chiara? Mônica? Crianças?
C- Sim, não se esforce. Eu te vi na parada de onibus e você saiu correndo. Fiquei te procurando. Logo avisei sua família. Eles estava há meses te procurando. Você havia fugido, se entregue as drogas, a destruição. Conhecia a história. Tomei a liberdade de procurar Mônica, tornamo-nos amigas, e trabalhamos na sua busca. Sem sucesso. Mas o destino – a providência divina, respondeu um dos filhos de Richard – sim, a providência divina, nos fez nos encontrar. Você passou mal, mas te trouxemos pra cá.

R – Mônica, eu...
M – Eu te perdoo.

Richard não conseguia falar mais nada, apenas chorar. Vocês também chorariam se vissem – mas imaginem – Mônica e os filhos abraçando-o amorosamente, como sua própria vida que havia se perdido e agora acharam. Todos em cima dele.

Richard aprendeu uma bela lição. A verdadeira felicidade está no Céu, não nas coisas passageiras da terra. E vejam como Deus foi bom com ele: mesmo ele casando-se por interesses, Deus permitiu que se casasse com uma mulher virtuosa, que o amou até na cruz, a exemplo de Jesus, e rezava incessantemente por ele. Quantos terços ela não rezou? Assim como a própria mãe de Richard.

Depois que recebeu alta do hospital, ele, por livre vontade, internou-se numa clínica de recuperação de dependentes químicos. Reconhecia sua doença e queria se curar, para não ser novamente um homem das coisas, nem uma coisa na mão do diabo, mas uma nova criatura em Cristo Jesus.

Mas, antes de internar-se na clínica ele manifestou desejo de ir a um Padre confessar seus pecados. Ele sabia que o sonho que tivera não foi apenas um sonho. Foi mais uma das grandes manifestações de Deus chamando-o a conversão. Será que teria outra oportunidade? Ele aceitou logo. Eis o tempo. Faça como ele.

Eis que vai até aquela Igreja, Nossa Senhora das Misericórdias. Queria lá, afinal, antes de passar mal (overdose) havia fixado olhar lá. Além do mais, tendo sua esposa rezado tantos terços, Maria Santíssima deve ter rogado por sua alma. Queria lá. E foi. Adentra, vai até o confessionário. Eis que lá está um jovem sacerdote que lhe diz: A paz esteja contigo, Richard, sou o Padre Antônio, quais são os teus pecados?

FIM